Paul Grice - Princípio de Cooperação


Austin e Grice foram os precursores dos primeiros trabalhos relacionados à ciência da Pragmática. Austin (1965) proporcionou uma nova concepção à Linguística, mostrando por meio da sua teoria, a visão performativa da linguagem, ou seja, a capacidade do homem em realizar ações por meio dos atos de fala. Já Grice (1975) revelou que a comunicação natural pode informar conteúdos implícitos, capazes de provocar a violação de uma de suas máximas conversacionais que regem o princípio da cooperação.

Observando que existe uma divergência frequente entre a significação das frases e o sentido do enunciado e que, portanto, certos enunciados comunicam muito mais do que os elementos que o compõem, Grice formula a noção de implicatura, que são inferências que se extraem dos enunciados. Ele não usa o termo implicação, porque a noção de implicatura é mais ampla do que a de implicação, já que esta só pode ser provocada por uma expressão linguística, enquanto aquela pode ser suscitada por expressões linguísticas e pelo contexto ou pelos conhecimentos prévios do falante.


Grice começa por distinguir dois tipos de implicaturas: as desencadeadas por uma expressão linguística, as implicaturas convencionais, e as provocadas por princípios gerais ligados à comunicação, as implicaturas conversacionais. A distinção entre implicaturas convencionais e conversacionais parece bastante clara: aquela é provocada por uma expressão linguística e esta é suscitada pelo contexto. Grice criou o princípio de cooperação e as máximas conversacionais. Para ele, nem sempre o que se diz corresponde à realidade ou é realmente aquilo que se quer dizer, donde a importância de se recorrer, nestes casos, ao contexto comunicativo: o significado é obtido, então, por meio de uma implicatura, isto é, do resultado da adesão ao princípio de cooperação que guiaria a interação verbal (linguística) entre os indivíduos.

O princípio de cooperação é elaborado com base em uma fórmula geral e é assim posto: faça a sua contribuição no momento exigido, visando aos propósitos comuns e imediatos, de forma consequente em relação aos compromissos conversacionais estabelecidos. Assim, de acordo com os estudos de Grice do princípio de cooperação resultam quatro máximas:

1) Máxima da quantidade (seja informativo)

•Que sua contribuição contenha o tanto de informação exigida;
•Que sua contribuição não contenha mais informação do que é exigido.


2) Máxima da qualidade (seja verdadeiro)

•Que sua contribuição seja verídica;
•Não afirme o que você pensa que é falso;
•Não afirme coisas de que você não tem provas.

3) Máxima da relação (seja relevante)

•Fale o que é concernente ao assunto tratado (seja pertinente).


4) Máxima do modo (seja claro)

•Evite exprimir-se de maneira obscura;
•Evite ser ambíguo;
•Seja breve (evite a prolixidade inútil);
•Fale de maneira ordenada.


Em outras palavras, se fornecemos mais ou menos informações do que é necessário, se dizemos algo que sabemos ou acreditamos estar errado, se dizemos algo que é irrelevante ao assunto da conversação, se falamos de modo obscuro, ambíguo ou confuso, isso se constitui num comportamento não cooperativo.

REFERÊNCIAS

http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/l00003.htm
http://www.portaleducacao.com.br/Artigo/Imprimir/53901

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